Data e previsão da próxima reunião da Reserva Federal – Dezembro de 2023

  • A decisão relativa à taxa de juros da Fed está prevista para 13 de Dezembro de 2023 às 01:00 PM ET
  • Previsão predominante – Espera-se que os legisladores mantenham a taxa atual (5,25% a 5,5%) na terceira reunião consecutiva

A próxima reunião da Reserva Federal, marcada para os dias 12 e 13 de Dezembro de 2023, é muito importante pois é a última reunião do ano. Durante esta reunião, os representantes da Reserva Federal não só tomarão uma decisão em relação às taxas de juro atuais, como também irão apresentar os respetivos planos para futuros ajustamentos destas taxas. Esta reunião é particularmente relevante, uma vez que se segue a um período de subidas das taxas de juro de forma muito acentuada por parte da Reserva Federal, como resposta às preocupações com a inflação. As decisões tomadas nesta reunião darão uma ideia das perspectivas económicas da Reserva Federal e da sua estratégia para conseguir encontrar um equilíbrio entre as preocupações com o crescimento e a inflação para o próximo ano. Estas medidas envolvem a avaliação de fatores como as taxas de inflação, os dados relativos ao desemprego, o crescimento do PIB e as tendências económicas mundiais. O resultado desta reunião é muito aguardado pelos investidores, economistas e dirigentes políticos em todo o mundo.

Previsão das decisões relativas às taxas de juro da Reserva Federal

Os dados baseados nos valores dos futuros do CME Group 30-Day Fed Fund revelam as expectativas do mercado para a próxima reunião sobre a decisão das taxas de juro da Reserva Federal:

  • Existe uma probabilidade de 98,8% de que a Reserva Federal mantenha a atual taxa de juro prevista entre 5,25% e 5,50%. Esta probabilidade subiu em relação aos 96,2% do dia anterior e aos 95,4% da semana precedente.
  • Em contrapartida, a probabilidade de um aumento para uma taxa directora entre 5,50% e 5,75% é de apenas 1,2%, contra os 3,8% do dia anterior e os 4,7% da semana precedente.

Estes valores indicam que existe um forte entendimento no mercado de que a Reserva Federal deverá manter as taxas de juro estáveis nesta próxima decisão, em conformidade com a expetativa no sentido de ser feita uma pausa na subida das taxas.

Principais tópicos e expetativas

  • Decisões sobre as taxas de juro: Espera-se que a Reserva Federal mantenha as taxas estáveis, continuando com a tendência observada nas duas reuniões anteriores. Esta abordagem está de acordo com o objetivo de atingir uma “soft landing”, onde a atividade económica e o crescimento do emprego registam um ligeiro abrandamento, enquanto a inflação diminui de forma constante.
  • Inflação e política monetária: O principal objetivo será a avaliação dos níveis de inflação. Embora a inflação permaneça acima do objetivo da Reserva Federal de 2%, existe uma confiança crescente entre os responsáveis de que a atual taxa dos fundos federais (entre 5,25% e 5,5%) é suficiente para reduzir a inflação. O debate incide agora sobre quando começar a reduzir as taxas, tendo em conta diversos fatores, incluindo o impacto nas taxas de desemprego e as próximas eleições presidenciais.
  • Projecções e perspectivas futuras: A reunião envolverá também a atualização das projecções para a trajetória futura das taxas de juro. É provável que estas projecções indiquem uma evolução no sentido de uma descida das taxas até ao final de 2024, o que aponta para que a próxima grande medida política possa ser uma redução das taxas.
  • Implicações políticas: Com a aproximação das eleições presidenciais de 2024, quaisquer decisões relativas à redução das taxas poderão ficar associadas à política. Os investidores e os consumidores aguardam com expetativa potenciais cortes nas taxas, o que teria um impacto positivo nos mercados e reduziria os custos dos empréstimos.
  • A abordagem cautelosa da Reserva Federal: Apesar da previsão de cortes nas taxas, a Reserva Federal, liderada por Jerome Powell, continua a manter-se prudente. Powell sublinhou a importância de não reduzir as taxas prematuramente para evitar a subida da inflação, fazendo referência às lições retiradas da década de 1970. A Reserva Federal está preparada para reforçar ainda mais esta política se necessário, refletindo uma abordagem equilibrada na gestão do crescimento económico e da inflação.

Um apelo à flexibilização das políticas

Paul Gambles, cofundador do MBMG Group, defende que a Reserva Federal deve reduzir as taxas de juro pelo menos cinco vezes em 2024 para evitar uma recessão. Paul critica a Reserva Federal por estar desligada da realidade económica. A atual taxa de juro dos EUA é a mais elevada dos últimos 22 anos, com os mercados a esperarem uma redução das taxas já em março de 2024. Apesar do abrandamento das pressões da inflação, o Presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, mantém-se cauteloso, afirmando que é prematuro discutir políticas de abrandamento. Os mercados financeiros, no entanto, interpretaram os comentários de Powell como sendo optimistas. Na opinião de David Roche, outro dos especialistas, a inflação não voltará a descer para 2%, prevendo um novo valor normal de cerca de 3%.

As previsões gerais apontam para um ciclo de redução significativa da inflação a partir do segundo trimestre de 2024, com um total dos cortes de 100 pontos base em 2024 e 2025. No entanto, o Barclays alerta para o facto de os mercados poderem ser demasiado pessimistas, salientando que a continuação da solidez económica poderá alimentar a inflação e pressionar os rendimentos das obrigações dos EUA. O resultado das eleições presidenciais nos EUA também vai influenciar a política fiscal e os rendimentos a longo prazo.

O economista Mohamed El-Erian manifestou a sua preocupação com a reação dos mercados financeiros às alterações previstas na política da Reserva Federal. Referiu a queda significativa do rendimento do Tesouro a 10 anos e a consequente recuperação do mercado de acções. El-Erian alertou para o facto de não se esperar que a Reserva Federal comece a reduzir as taxas em Março, afirmando que estas expectativas podem ser prematuras sem provas claras de uma recessão económica. Além disso, El-Erian aconselha que se tenha atenção aos próximos dados sobre a inflação, alertando para o facto de estes poderem não estar de acordo com o atual otimismo do mercado, o que poderá conduzir a uma desilusão entre os investidores.